Invisível
As sombras dançam uma sinfonia sem som, sem plateia, enquanto a imaginação cria memórias e saudades do que ainda não houve. Os passos são dados sem eco, os sorrisos desbotam sem testemunhas.
Não há vantagem em ser invisível.
A invisibilidade é uma prisão silenciosa, um isolamento em meio a um mundo hiperconectado. Nesse universo onde cada gesto é capturado e cada palavra jogada através dos feeds intermináveis, ser ignorado é quase uma ironia cruel.
Likes, comentários, interações superficiais inundam a timeline. É fácil sentir-se perdido, uma voz perdida no meio de um coro ensurdecedor. Um solitário navegando em um mar de faces virtualmente sorridentes.
Talvez seja mesmo nas sombras que se encontre o espaço para sermos verdadeiramente nós mesmos, longe dos olhos críticos e das expectativas alheias. Talvez seja lá que se descubra nossa própria voz, livre das pressões do espetáculo interminável.
Enquanto o mundo segue a dança dos cliques e views, os invisíveis persistem encontrando significado na simplicidade do anonimato. Afinal, é na escuridão que se encontra a própria luz.